quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O Pão de Cristo



Esta é a experiência de um homem chamado Dirceu. Depois de ficar desempregado por vários meses, ele teve que começar a pedir esmola, algo que abominava. Uma noite fria ele estava em frente a um clube quando viu um casal entrar. Dirceu pediu ao homem dinheiro para comprar comida.
— Sinto muito, companheiro, mas não tenho nenhum trocado — respondeu o homem.
A mulher, ao ouvir a conversa, perguntou ao marido o que o pobre homem queria.
— Dinheiro para uma refeição. Ele disse que estava com fome — retrucou o marido.
— Marcos, nós não podemos entrar para comer uma refeição que não precisamos e deixar um homem faminto lá fora.
— Hoje em dia tem alguém assim em cada esquina. Ele provavelmente só quer o dinheiro para comprar cachaça.
— Mas eu tenho um trocado. Vou dar para ele.
Dirceu estava de costas para eles, mas ouviu cada palavra. Sem jeito, estava para sair correndo, quando ouviu a voz gentil da senhora: “Tenho um dólar. Compre algo para comer. E não desanime, mesmo quando as coisas estão difíceis. Você vai arranjar um emprego, e espero que seja em breve!
— Muito obrigado, senhora. A senhora me deu um novo começo e animou o meu coração. Nunca esquecerei a sua gentileza.
— Você vai comer o pão de Cristo. Passe adiante — disse ela com um sorriso amigo, como se ele fosse um homem, e não um mendigo. Ele sentiu como se uma corrente elétrica tivesse percorrido o seu corpo.
Dirceu encontrou um lugar onde a comida era barata, gastou cinqüenta centavos e decidiu guardar o resto para outro dia. Assim comeria o pão de Cristo por dois dias. Mais uma vez, sentiu como se uma corrente elétrica lhe tivesse atravessado o corpo. O pão de Cristo!
Espere um pouco! pensou. Não posso guardar o pão de Cristo só para mim! Pensou ter ouvido bem longe um velho hino, ressoando em sua memória, um hino que aprendera quando criança no catecismo.
Nesse momento um velho passou ao seu lado. Talvez ele esteja com fome, pensou Dirceu. Preciso compartilhar o pão de Cristo.
“Ei!” gritou. “Quer comer alguma coisa?”
O velho virou-se e, olhando para Dirceu sem acreditar direito no que ouvira, perguntou:
— Cê tá falando sério?
Ele não acreditou na sua sorte até que estava sentado à uma mesa com uma toalha de oleado e um prato de sopa na frente. Durante a refeição, Dirceu reparou que o homem estava embrulhando o pão com um guardanapo.
— Vai guardar para amanhã? — ele perguntou.
— Não, não. Tem um jovem perto de onde fico que não tem tido muita sorte, e estava chorando quando saí de lá. Ele está com fome. Vou dar o pão para ele.
O pão de Cristo. As palavras da mulher ressoaram mais uma vez na cabeça de Dirceu, e ele sentiu aquela sensação estranha de que havia uma terceira Pessoa à mesa. À distância ouvia-se sinos de igreja e o velho hino voltou à sua memória.
Os dois homens levaram o pão para o menino faminto, que começou a comer sofregamente. De repente ele parou e chamou um cachorro — arredio e perdido.
“Pra você, cãozinho. Pode comer metade”, disse-lhe o menino.
O pão de Cristo! Claro. Tinha que ser repartido com o irmão quadrúpede também. São Francisco de Assis provavelmente também teria feito isso, pensou Dirceu. O menino mudou depois que comeu. Levantou-se e foi vender os jornais.
— Tchau, — despediu-se Dirceu do velho. — Existe um emprego em algum lugar. O senhor vai encontrar logo. Agüente firme. Sabe — continuou com a voz trêmula, — isto que acabamos de comer foi o pão de Cristo. Uma senhora disse-me isso quando me deu uma nota de um dólar para comprar comida. Coisas boas vão acontecer conosco!
Quando o velho foi embora, Dirceu percebeu que o cachorro perdido estava farejando a sua perna. Inclinou-se para fazer-lhe um carinho e viu que ele tinha uma coleira com o nome do dono.
Fez uma longa caminhada para o outro lado da cidade até à casa do dono do cão e tocou a campainha. Quando o dono abriu a porta ficou felicíssimo ao ver o seu cachorro que estava perdido.
Depois fez uma cara zangada e abriu a boca para dizer asperamente: “Você não roubou esse cachorro só pra receber uma recompensa, né?” Mas não disse. Viu em Dirceu uma certa dignidade que o deteve. E então disse: “Eu ofereci uma recompensa nos jornais ontem à noite. Dez dólares. Aqui está o dinheiro!”
Dirceu olhou para a nota ainda assustado. “Não posso aceitar”, disse mansamente. “Eu só queria ajudar o cachorro”.
“Pode pegar! O que você fez vale muito mais do que isso! Quer um emprego? Compareça ao meu escritório amanhã. Preciso de um homem com a sua integridade”.
Quando Dirceu começou a andar pela rua de novo, o velho hino ainda ressoava em seu coração, um que ele lembrava-se da infância: “Parta Senhor o Pão”.
Adaptado de uma história de Zelia M. Walters
A luz do seu sorriso, a amabilidade no seu rosto e a influência da sua vida podem iluminar a vida de muitos e afetar as pessoas que você acha que seriam as que menos se impressionariam. Quando elas sentem o seu amor e você lhes diz que é o amor de Deus, elas não podem deixar de parar e pensar: “Talvez Alguém lá em cima realmente me ame!” Isso muda a perspectiva das pessoas e as faz olhar para o alto! Então ame ao próximo!
—David Brandt Berg

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